Os métodos de trabalho têm mudado com o passar dos tempos. Com o crescimento do modelo de trabalho híbrido, que combina o trabalho remoto com o presencial, as empresas se organizam de forma mais eficiente e melhoram suas performances em índices de qualidade.
Porém, surgem também novos e complexos desafios para a segurança organizacional das instituições, necessitando a construção e manutenção de fortes culturas de segurança, o elemento mais crítico para proteger dados, ativos e pessoas nessa nova realidade.
De acordo com o relatório Cost of a Data Breach da IBM, uma violação de dados no Brasil gera, em média, um prejuízo de R$ 6,75 milhões por incidente. O dado evidencia não apenas o peso financeiro de falhas de segurança, mas também os impactos reputacionais que podem comprometer a confiança no negócio.
O que é cultura de segurança e por que ela é crucial no modelo híbrido?
Chamamos de Cultura de Segurança o conjunto de práticas, valores, crenças e atitudes que os membros de uma organização compartilham em relação à segurança. É a forma de agir, os hábitos que as pessoas mantêm quando não estão sendo supervisionadas, adquirindo boas práticas para a vida e transformando regras em condutas comuns.
É de extrema importância manter uma cultura de segurança sólida no modelo híbrido de trabalho, pois trabalhar de forma remota expande o perímetro de segurança da empresa até as residências, introduzindo dispositivos pessoais e redes menos seguras.
O The State of Human Risk 2025 mostrou que 95% das violações de dados envolveram erro humano, evidenciando que, mesmo com boas ferramentas de proteção, a postura e os hábitos dos colaboradores seguem sendo o ponto mais crítico da segurança.
Em ambientes mais distribuídos, também aumenta o risco de ameaça humana, sendo um dos principais vetores de ataques, como o phishing, por exemplo. O relatório State of the Phish 2024 mostra que 68% das organizações brasileiras sofreram comprometimento de e-mail corporativo, um dos vetores mais comuns de ataques baseados em erro humano — reforçando a necessidade de uma cultura de segurança bem estabelecida.
Manter uma cultura de segurança consistente constrói um fronte e transforma cada colaborador em uma “linha de defesa.
Além disso, a cultura de segurança ajuda a manter a consistência no cumprimento de regulamentações como a LGPD e outras diretrizes normativas independentemente da localização geográfica do funcionário.
Os pilares da cultura de segurança no trabalho híbrido
Pilar 1: Liderança comprometida e visível
O comprometimento com a cultura de segurança deve ser visto como uma prioridade estratégica, não apenas uma obrigação de TI.
A liderança deve demonstrar o comportamento esperado ao objetivar a mitigação de riscos, utilizando ferramentas seguras e desenvolvendo práticas positivas, deve alocar recursos adequados para que todos os colaboradores possam fazer o mesmo e comunicar regularmente a importância dos procedimentos de segurança.
Pilar 2: Educação contínua e contextualizada
A segurança não é um evento sazonal, é um processo contínuo.
O treinamento deve estar pautado e focado em riscos reais do ambiente híbrido (Wi-Fi público, phishing direcionado ao home office), sendo interativo e fácil de consumir remotamente.
Pilar 3: Comunicação clara e multidirecional
É essencial que as políticas sejam entendidas por todos e que os colaboradores se sintam à vontade para reportar incidentes ou dúvidas sem medo de punição (cultura de não-culpa).
Pilar 4: Responsabilidade compartilhada
É de extrema importância que seja compreendido que segurança não é apenas responsabilidade da TI.
Cada colaborador deve entender seu papel na proteção dos ativos, sejam eles dados corporativos ou seu próprio equipamento.
Pilar 5: Adaptabilidade e melhoria contínua
A cultura deve ser flexível para se adaptar rapidamente a novas ameaças e tecnologias, o que significa aprender com os erros e atualizar políticas e treinamentos constantes para que os bancos de ameaças estejam sempre atualizados, maximizando a cobertura e expandindo a proteção aprendida.
Desafios específicos do modelo híbrido para a segurança
Dispersão geográfica e inconsistência de práticas
A falta de um ambiente físico único leva à aplicação inconsistente de regras de segurança (ex: quem usa VPN x quem não usa; políticas de bloqueio de tela variadas). Esse pode ser um diferencial na hora de minimizar riscos.
Variedade de dispositivos e redes
Os colaboradores usam redes Wi-Fi domésticas (que podem contar com roteadores desatualizados ou senhas fracas) e, muitas vezes, equipamentos pessoais, aumentando o risco de invasão de perímetro e acesso não autorizado a informações internas.
Dificuldade de monitoramento e supervisão
É mais difícil para a TI manter uma visibilidade completa dos endpoints remotos, realizar patch management e garantir a higiene digital sem ferramentas robustas de gerenciamento de endpoints.
Burnout digital e fadiga de segurança
A sobrecarga de informações, alertas de segurança e a necessidade constante de se autenticar podem levar à fadiga de segurança, fazendo com que os colaboradores ignorem ou tratem os alertas como “spam”, diminuindo a cobertura e aumentando o risco.
Estratégias de liderança para construir cultura de segurança
Liderança pelo exemplo: Práticas dos gestores
Como líderes, aqueles colaboradores a frente de outros em coordenação, gerenciamento e gestão devem ser exemplo de conduta voltada a segurança, sendo os primeiros a adotar políticas de utilização de Autenticação de Múltiplos Fatores (MFA), promovendo o bloqueio de tela ao se ausentar mesmo em home office e não sendo vítimas em testes de phishing simulado.
Comunicação regular sobre segurança
É importante promover comunicações frequentes curtas e objetivas ao invés de longos documentos anuais, mantendo o tema fresco e relevante.
Investir em estruturas como “Dicas de Segurança da Semana” e “Lembretes de Segurança” no início do expediente podem fazer a diferença e fortalecer a cultura de segurança da empresa.
Alocação de recursos e priorização
Para que seja possível manter altos índices de boas práticas da cultura de segurança, é imprescindível garantir que as equipes de TI tenham orçamento para ferramentas essenciais como VPN, EDR e Password Managers corporativos.
Reconhecimento e celebração de bons comportamentos
Em vez de focar apenas em quem cometeu um erro, mantenha na empresa uma mudança de perspectiva que reconhece e bonifica quem reportou um e-mail suspeito, colaboradores que concluíram treinamentos em tempo recorde e aqueles que auxiliaram colegas a resolver problemas de segurança.
Programa de treinamento e conscientização eficaz
Conteúdo adaptado para diferentes perfis
Para um treinamento mais engajado e eficiente, efetuar algumas adaptações conforme o perfil dos colaboradores pode ser uma ótima estratégia com um retorno positivo.
Para profissionais de TI e Engenharia, foco em práticas de Secure Coding e arquitetura de nuvem. Para colaboradores de vendas e RH, proteção de dados sensíveis e engenharia social.
Manter práticas focadas para novos contratados com módulo obrigatório onboarding de segurança desde o primeiro dia também é de extrema importância.
Frequência e formatos ideais para equipes híbridas
A utilização de micro-aprendizado (microlearning) com módulos de 3 a 5 minutos, acessíveis a qualquer hora, combinando vídeos, quizzes e podcasts para diferentes estilos de aprendizado deixa o aprendizado mais lúdico e mantém o interesse do colaborador por mais tempo.
Simulações de phishing e cenários realistas
Realização de testes de phishing simulados de forma contínua e variada com feedback construtivo e imediato que direcionem o colaborador a um treinamento rápido de reforço costuma ser uma estratégia inteligente que diminui o risco de erro humano com eficiência.
Métricas de eficácia do treinamento
Oferecer o treinamento é essencial, assim como medir o seu impacto real, analisando a taxa de aberturas de e-mails simulados, o tempo médio de reporte de um incidente e o número de falhas de autenticação após a implantação de MFA.
Buscar melhores números para esses índices deve ser um objetivo coletivo até o mais próximo da mitigação.
Políticas e procedimentos para o modelo híbrido
As políticas devem ser claras, concisas e desenhadas para a flexibilidade. As principais diretrizes para manter um modelo efetivo e eficiente de trabalho híbrido incluem:
- Definir regras claras sobre o uso de dispositivos pessoais, impressão remota e o que pode/não pode ser feito em redes Wi-Fi públicas;
- Exigir o uso de gerenciadores de senhas corporativos e políticas rigorosas de senhas longas e complexas;
- Incluir procedimentos claros sobre como reportar uma violação (ex: ransomware no PC de casa) e como a TI irá isolar e remediar o dispositivo remotamente e
- Manter requisitos claros para que os colaboradores mantenham seus sistemas operacionais e aplicativos atualizados, mesmo em seus dispositivos pessoais usados para o trabalho.
Métricas e indicadores de cultura de segurança
Para saber se a cultura está funcionando, é preciso ir além das métricas tradicionais de TI, incluindo outros tipos de métricas como:
- comportamentais – utilizando indicadores como taxa de reporte de acidentes voluntário para medir se as pessoas se sentem seguras para reportar falhas;
- de conscientização – utilizando taxas de sucesso em testes simulados de phishing para verificar a eficiência do treinamento na prática;
- de adesão à políticas – verificando a porcentagem de colaboradores com MFA ativado, estabelecendo o cumprimento de regras críticas;
- de percepção – realizando pesquisas de clima organizacional para compreender o quanto os colaboradores percebem a segurança como prioridade e não como obstáculo;
- de risco – análise de reincidências em ações inseguras para confirmar se a lição aprendida está gerando mudanças de hábito a longo prazo.
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